Livro da Semana: Sejamos todos feministas, Chimamanda Ngozi Adichie

Mah / 26 dez,2017 /ETC

Sejamos todos feministas é um livro rápido e muito fácil de ler. Pequeno, simples, mostra de maneira didática porque devemos olhar mais para esta questão de gênero e, como Chimamanda diz, “expectativas de gênero”.

O livro é uma adaptação da palestra que Chimamanda Ngozi Adichie fez no TEDxEuston em dezembro de 2012. Esta mesma palestra foi mencionada na música Flawless de Beyoncé (a partir 1’25”) e até colo aqui a versão traduzida:

“Nós ensinamos as meninas a se retraírem para diminuí-las. Nós dizemos para as garotas: você pode ter ambição. mas não muita. Você deve ser bem sucedida, mas não muito. Caso contrário, ameaçará o homem.
Porque eu sou uma mulher esperam que eu deseje me casar. Esperam que eu faça as minhas próprias escolhas na vida sempre tendo em mente que o casamento é o mais importante.
O casamento pode ser uma fonte de alegria e amor e apoio mútuo. Mas, por que ensinamos às garotas a aspirar ao casamento e não ensinamos a mesma coisa aos meninos?
Educamos as garotas a se verem como concorrentes, não por emprego ou por realizações, que eu penso que pode ser uma coisa boa. Mas sim pela atenção dos homens.
Nós ensinamos as garotas que não podem ser seres sexuais, da mesma forma que os garotos são.
Feminista: a pessoa que acredita na igualdade social, política e econômica entre os sexos”

Este trecho já diz muito sobre o conteúdo do livro.

Eu, Maraisa Fidelis, me entendi como feminista neste ano de 2017. Minhas ideias sempre foram feministas, mas eu não entendia muito bem o que o feminismo abordava de fato. Ao ler, cada vez mais sobre o assunto entendi que sou sim feminista e que MUITA gente ainda enxerga o feminismo como algo negativo.

No livro tem uma citação ótima: “…a palavra ‘feminista’ tem um peso negativo: a feminista odeia os homens, odeia sutiã[…] acha que as mulheres devem mandar nos homens; ela não se pinta, não se depila, está sempre zangada, não tem senso de humor, não usa desodorante.”
Então eu sou completamente o oposto do que muitos pensam né? hahahaha

Sejamos todos feministas: leitura básica!

Considero este livro uma leitura básica e essencial para quem desconhece o feminismo, para as pessoas que possuem dúvidas e desejam esclarecer, ou mesmo para aqueles que falam mal mas não pegaram ao menos um livro para ter base em sua argumentação.

Por que criamos nossas meninas como “princesas” e os nossos meninos como “heróis”? Já partimos daí. Estimular que o homem é o mais forte, provedor, a quem a mulher (sexo frágil) deve obediência é algo que foi enraizado mas que podemos mudar!

Por que ao chegar em casa as tarefas domésticas são destinadas à mulher? Os homens tem alguma dificuldade em exercê-las ou a criação deles que os tornaram assim?

Esses questionamentos, além de alguns fatos citados que aconteceram com a autora, fazem com que paremos e pensemos em tudo. Na nossa sociedade, no nosso país e até mesmo nas pessoas que nos cercam. Como é o ambiente em que vivo? Sabe quando você lê um livro e tudo que está escrito você consegue encaixar em várias situações vividas ou mesmo “escutadas” por aí? É isso que acontece com Sejamos todos feministas.

Eu quero ler todos os livros da Chimamanda e vou falando para vocês um a um. Completamente elucidativa e de leitura fácil.

Sinto que não tenho mais o que comentar sobre o livro né? É visível que amei e o engoli em menos de uma hora. É legal até para quem não gosta de ler! Curtinho! hahahahahhaha

E vocês? Já leram algum livro dela? Me falem quais!

Quanto?
Tá em promo na Saraiva por R$11,90

Beijos
Mah

 

Livro da semana: O Poder da Paciência, M. J. Ryan

Mah / 17 dez,2017 /ETC

Siiim! Agora teremos posts de livros toda semana aqui no blog! Eu AMO ler e acho válido dividir este meu lazer com vocês. Quando eu não gostar do livro também falarei, tá? Mas como gosto é algo bem particular, vale ler a resenha que as livrarias deixam disponíveis no site. hahahahha

Bora começar com O Poder da Paciência.

Eu olho para este nome e já dou risada porque eu sou a pessoa mais impaciente que conheço. E olha que conheço bastante gente, mas eu tenho esta noção de que quero tudo para ontem e que qualquer coisa me tira do sério.

Comprei o livro em 2006 e desde então já perdi as contas de quantas vezes li. Mês passado, estava arrumando umas coisas aqui em casa e achei novamente, resolvi li pela vigésima vez.

É um livro de autoajuda bem tranquilo e gostoso de ler. Isso porque a autora exemplifica com situações vividas por ela ou pessoas próximas. Quando imaginamos estas situações cotidianas fica bem mais fácil de aplicar as dicas dadas no nosso dia a dia.

“Com várias dicas para diminuir o ritmo, relaxar e encarar a rotina de uma forma mais tranqüila, este livro mostra que a paciência – uma das virtudes mais ignoradas nos dias de hoje – nos ajuda a aproveitar ao máximo nossos talentos, a administrar a raiva, a crescer no amor e a usufruir o prazer de cada momento.
[…]
Cheio de citações inspiradoras, histórias estimulantes e da sabedoria daqueles que já atingiram seu objetivo, este livro mostra que a paciência é um hábito e, como tal, deve ser cultivado e exercitado. Só ela é capaz de nos colocar em sintonia com a natureza, conectados ao momento presente e mais focados em nossos verdadeiros desejos.”

Na minha opinião o mais legal é ler e já tentar colocar em prática. Esperar terminar o livro para começar a agir não é muito interessante, mesmo porque se queremos mudar, por que não começar agora?

Para uma pessoa que estoura com tudo, adianto que é uma tarefa difícil. Como minha mãe diz “Paciência é caridade” e eu sinto que preciso ler este livro pelo menos uma vez ao mês para conseguir atingir o nível de plenitude da autora. hahhahahhahha

Porém, basta você colocar na sua cabeça que terá paciência, que mais nada te afetará como antes, que não adianta estourar por besteiras ou coisas que não podem ser resolvidas, que a vida flui melhor.

Sinto que O Poder da Paciência é mais um guia para que está no topo do estresse (ou não). Sabe aquela pessoa que até o barulho da chaleira apitando irrita? Ou mesmo quem está louca(o) com um projeto do trabalho, nervosa(o) com todas as coisas que precisa lidar…. é uma direção, um “remédio” para a pessoa parar, respirar, e prosseguir a vida de maneira diferente.

Aí você me pergunta: “Tá Maraisa, mas a sua vida mudou?” Oooolhaaaa, hoje mesmo eu dei uns gritos que não fizeram o menor sentido, ou sejaaaaaaaa…. Como eu disse lá no começo: preciso ler muito mais este livro, preciso de mais meditação, e preciso de mais seriedade ao me comprometer em ter paciência. Porque eu sei que é uma virtude que veio em número negativo em mim. =/

Todavia, não vou acabar comigo mesma hahahahha! Sei que este ano já melhorei PRA CARAMBA (imagina como eu era ano passado? hahahah) e reler o livro só fez com que eu tivesse mais vontade de seguir nisso, ignorando problemas que eu mesma crio na minha cabeça.

Olha, a maioria dos problemas ou das situações que nos deixam impacientes não existem na verdade. Ou a gente fica assim por algo que vai acontecer, por juntar funções, por preocupações demais ou mesmo por coisas que não dependem de nós. Quando eu sei que algo não depende de mim, largo mão! Vou dormir porque não sou obrigada (isso eu aprendi rapidinho! HAHAHHAHAH)

Enfim, o livro é gostoso e bem tranquilo de ler; tem dicas e citações maravilhosas, um ótimo presente para qualquer tipo de pessoa, e não faz parte daqueles livros de autoajuda que se tornam cansativos ao decorrer da leitura. Indico horrores! <3

Onde comprar?
Na Saraiva tá R$18,90

Beijos
Mah

Prazer, sou a mãe da Mara! | Edna Fidelis

Mah / 26 nov,2017 /ETC

Para vocês ela é Mah, mas aqui dentro de casa Maraisa é Mara ou outros apelidos carinhosos que vou poupá-la desta vergonha rs. Mara pediu para eu fechar esta semana tão importante para ela e eu me senti com tanta responsabilidade que rascunhei diversas vezes meu texto.

Crescer e se entender como mulher negra, lutar, casar com um negro, ter filhas mulheres negras e fazer com que elas tenham o melhor não é fácil; e sabemos que somos exceção. Mas que esta exceção um dia se torne comum e que vocês conheçam um pouco de mim, Mamãe Diva como minhas filhas cismam em falar. hahaha

Nasci em uma época em que a luta dos negros estava bem latente; movimento Black Power, minha juventude nos auge dos anos 70. Isto para conseguir ter mais voz em meio a tanto preconceito e segregação. Estudei a vida toda em escolas públicas e assisti preconceito vindo tanto de “colegas” de sala quanto daqueles que deveriam também educar: os professores.

Quando adolescente meus pais se divorciaram e minha mãe teve que criar os três filhos sozinha; colocando assim, todos para trabalhar. Uma mulher, negra, divorciada, com três filhos negros para criar em 1973. Se hoje o mundo não é nada facilitador para alguém nestas condições, quiçá naquela época.

A partir deste momento, tive a consciência de que o racismo estaria em todos os lugares e que a luta seria grande, cansativa e árdua para conseguir o meu espaço. Nas entrevistas de emprego a preferência sempre era por mulheres brancas; se fosse para lidar com o público então, esquece! Melhor eu nem participar do processo seletivo para não me desgastar ao ver o preconceito sendo esfregado na minha cara.

Eis que minha mãe (aquariana como Maraisa rs), sempre muito sábia, me orientou a estudar e prestar concurso público. Pois assim, ninguém poderia tirar a minha vaga ao ver a cor da minha pele. Além do emprego estar garantido por depender apenas da minha sabedoria. Minha mãe falou para nós três fazermos isso, e lá fomos. Prestei, fui aprovada e entrei no funcionalismo; achei então que estava tudo resolvido. Faria uma carreira como funcionária pública pois dependia apenas dos meus esforços e estudos, porém era um grande engano.

Ali também, como em todo o lugar, o racismo reinava e eu precisava provar 10 mil vezes mais, do que uma mulher branca, que era capaz de estar ali trabalhando no cargo para qual passei. Entretanto, foi lá dentro que aprendi que o negro precisa se impor, mostrar sua capacidade intelectual, enfrentar todas estas batalhas absurdas para chegar onde quiser, e eu cheguei: Diretora de Recursos Humanos.

O tempo passou, me casei com um homem negro chamado Luiz, vieram minhas meninas: Monalisa e Maraisa. Na época nos esforçamos ao máximo para as duas estudarem em colégio particular, não oferecemos luxo para elas, mas a educação e o o conforto elas tinham. Queríamos que tivessem estudo com base garantida para que no futuro pudessem enfrentar qualquer tipo de adversidade com sabedoria, inteligência e não deixar ninguém diminuí-las pela cor da pele. Desde quando eram pequenas eu e o Lu falávamos para elas que o preconceito sempre existiu, que passamos por ele e as duas também passariam em algum momento da vida. Todavia, elas deveriam responder à altura, se orgulharem da cor da pele e saber que sempre nos teriam (e continuam tendo) como apoio.

Uma família com quatro pessoas negras e uma condição financeira estável, não era nada comum nos anos noventa e dois mil. Aliás, ainda hoje quando andamos os quatro juntos atraímos olhares como se fôssemos de outro país. (Sim, vivem perguntando se somos daqui. Porque né? Negro no Brasil é pobre e não frequenta espaços predominado por brancos).
Andar com as meninas bem vestidas, era alvo de olhares e perguntas do país de origem. Quando meu marido estava de branco era pior ainda. Ele poderia ser qualquer coisa, menos enfermeiro trabalhando em multinacional.

O pior de tudo? Mais de TRINTA anos se passaram e apesar da luta da população da negra em ter voz, AINDA sinto e vejo preconceito entre os lugares que frequento: no bairro onde moro, nos shoppings, restaurantes. Se eu comento que trato minha pela com Dra Katleen e meu cabelo com Wilson Eliodorio então? “Nossa! Mas que preta metida!” (Não vou falar desta parte porque a Mara já o fez muito bem em seu vídeo).
O preconceito não precisa ser explícito. Está nos olhares de espanto, está na pergunta “De onde vocês são”, está no comentário “Podemos parcelar” sendo que vou pagar à vista, está na ação de MUITOS vendedores.

Ensinei às minhas filhas que a educação, o conhecimento e o respeito ao próximo, irá ajudá-las a continuar a luta por um futuro mais igualitário. Me orgulho ao ver onde Monalisa e Maraisa chegaram e que não se acanham por terem vivido mais da metade de suas vidas em meios onde eram as únicas negras. A consciência de cada uma veio com o tempo e continua sendo construída com a bagagem adquirida. Saber que as duas possuem faculdade, trabalham no que querem, estão bem encaminhadas e vivendo como querem (podendo voar ainda mais) é o que tranquiliza meu coração e do Lu.

Não queria dizer isso, mas sei que este racismo, este preconceito enraizado está longe de acabar. Mas faço minha parte e sei que minhas filhas seguirão fazendo a delas. Quem sabe meus netos não vêem uma diferença maior no mundo? Que lutemos juntos e juntas.

Edna Fidelis ou Mamãe Diva
Mãe da Monalisa, Maraisa, Mell e Meg Antonia
@mamaedivafidelis

Café com leite? | Rita Lima

Mah / 25 nov,2017 /ETC

“Você não pode falar sobre cabelo crespo…. Você é branca!”

Foi com esse tiro que um dia, em meio a um treinamento de trabalho, me vi tendo que explicar algo que até mesmo para mim era inexplicável. Meu cabelo é crespo, sempre foi.
Passei por toda a via sacra de sofrer com os penteados na infância, a zoeira sobre meu cabelo “bombril”, a fase de tentar alisar a qualquer custo (e inclua nesse custo aquela pasta fedorenta que queimava o couro cabeludo), enfim… Toda essa história que a maioria sabe.


Então… Como EU não poderia falar do meu cabelo apenas por causa da cor da minha pele? Eu nunca tinha pensado nisso…. Até aquele momento.
EU SOU MISCIGENADA! Ponto. Eu sou resultado de uma mistura doida que, não obstante, acontece o tempo todo nesse país. Por que o espanto? Minha pele é morena, escura, “negra de pele clara”, chame como quiser… MENOS de branca. Não, eu não sou branca! Eu sou café-com-leite! rs

Filha de nordestina da pele preta e de um cara de pele branca e cabelo crespo que mal conheço. Adivinha qual foi o sangue que resistiu com força e luta para me criar? BINGO! Mama África, a minha mãe foi mãe solteira…
Mas antes que eu nascesse e a separação do meu pai se desse em definitivo, meu irmão já hávia nascido há um tempão… E mamãe sempre contou histórias, com sorriso no rosto, sobre como desbancava as pessoas que pensavam que ela era a babá daquele bebê do “cabelo escorrido”, em um banho de sol no parquinho do condomínio onde moravam. O cabelo escorrido veio DELA. Mas a cor da pele…. Hum…. Tão diferente… Só pode ser a babá! Muitas vezes depois, ela acostumou com a “brincadeira” e diversificou como pôde, com graça e bom humor, as respostas que dava.

Quando cheguei, já em “berço de ouro” e sem a presença paterna, as coisas foram um pouco diferentes. Dessa vez, ela tinha que trabalhar para sustentar a situação… Então pouca gente nos via em companhia uma da outra. Mas eu era vista em companhia da minha avó, que foi quem me criou. Com a minha avó as coisas eram diferentes; ninguém nunca questionava nada, nem ela mesma! “Não sou negra… sou seis-da-tarde pra baixo. Minha pele é de índia!”. Assim ela dizia… assim criou minha mãe.
Sempre estranhei essa afirmação de ambas, mas isso parecia confortá-las e até mesmo fortificá-las para qualquer situação.

NEGAR O ÓBVIO! Quantos anos elas e tantos da mesma época passaram negando a si, apenas para desviar de insinuações que persistem até hoje? Será que isso custou algo para suas identidades? Será que isso um dia causou algum sofrimento? Sinceramente, não sei! Elas escolheram suas próprias maneiras de lidar com quem eram… E eu também fiz minha escolha.


OLHA BEM PRA MIM…. OLHA BEM PRO MEU CABELO… VOCÊ ACHA MESMO QUE EU NÃO TENHO CONDIÇÕES DE FALAR DA NOSSA REALIDADE APENAS POR ESTAR EM OUTRO QUADRADINHO DE PANTONE?
ME DESCULPE; MEU CABELO É CRESPO, MINHA RAIZ É CRESPA, MINHA ORIGEM É NEGRA! NÃO É VOCÊ QUEM ME DEFINE, SOU EU QUEM CONHEÇO A MINHA HISTÓRIA, EU SOU FRUTO DA MISTURA MAIS AUTÊNTICA DESSE PAÍS. EU TAMBÉM SOU NEGRA.

Rita Lima
@rituxalima

Precisamos ocupar todos os espaços | Dani Mattos

Mah / 24 nov,2017 /ETC

Quando a Maraisa me pediu para escrever esse texto, minha primeira reação foi de alegria: que honra poder ser referência para os meus. Por outro lado, gelei: há muito tempo não escrevo nada. Bom, entre um sentimento e outro, prefiro ter a coragem de enfrentar o frio na barriga e compartilhar pensamentos que há tempos me incomodam.

Esse foi um ano reflexivo para mim no que diz respeito à minha atuação política enquanto mulher negra. No começo do ano, decidi colocar de lado uma postura ativa no movimento e nas discussões políticas e pensar mais na minha carreira e vida acadêmica, ambas em espaços totalmente brancos, elitizados e com pessoas desprovidas de repertório de classe, raça e gênero.

Esse não foi um movimento fácil para mim, pois algo sempre me incomodava. Eu incessantemente me cobrava por não estar promovendo discussões de grande alcance ou relevância para as pessoas.

Felizmente, as coisas começaram a fazer um pouco mais de sentido para mim quando assisti ‘Dear White People’, uma série preta da Netlflix (se você ainda não assistiu, assista!). De todas as personagens da série, não pude deixar de me identificar com o personagem Reggie. Ele sempre estava preocupado em estar na linha de frente de todas as manifestações e discussões, deixando de lado sua vida pessoal, acadêmica e até mesmo sua saúde mental.

Não me lembro o momento exato e nem a personagem que disse isso, mas uma fala de uma das personagens dirigida a Reggie fez todo o sentido para mim e foi o que melhor extraí da série. Era algo como: tudo bem nos preocuparmos mais conosco do que com a luta ativa contra o racismo.

Na verdade, cuidar da nossa autoestima e saúde mental é também travar uma luta contra o racismo.

Tudo bem olharmos mais para a nossa subjetividade, sonhos e anseios enquanto indivíduos. Tudo bem não nos preocuparmos tanto em sermos os melhores e excelentes nos espaços não tidos como nossos. Tipo aquele verso de um rap do Emicida: dez vezes melhor pra ser visto como igual. To cheio.

O que eu quero dizer é que hoje eu entendo que só pelo fato de sobreviver em ambientes ‘não tidos como meu’ já é em si um ato político.

Nós, pessoas negras, especialmente mulheres negras, precisamos ampliar nossas visões e ir em busca de todas as esferas que são de nosso interesse. Sair dos nossos guetos e bolhas para ocupar todos os espaços higienizados socialmente, institucionalmente racistas e tornar esses espaços nossos.

Portanto, pessoa negra que me lê nesse instante, essa é a minha mensagem: seja qual for o momento de vida que você está passando agora, seja qual for sua preocupação no momento, saiba que nenhum grande ato contra o racismo é maior do que o ato de se manter vivo neste país estruturalmente racista.
Cuide de sua autoestima.
Cuide de você.

Dani Mattos
@danimattosx